Cursos desenvolvidos integralmente pelo método conhecido como ensino à distância (EAD) não são capazes de formar profissionais qualificados para atuar como auxiliares ou técnicos em saúde bucal. A posição é compartilhada por duas das mais importantes entidades da área: o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp) e a Associação Brasileira de Odontologia (ABO Nacional) – esta última, considerada a maior rede de educação continuada em odontologia do mundo, com, aproximadamente, 300 unidades no Brasil e 90 mil associados.
A cirurgiã-dentista, biomédica e microbiologista Lusiane Camilo Borges, que ocupa a diretoria de Relações Internacionais da ABO Nacional, classifica os cursos de Auxiliar em Saúde Bucal (ASB) promovidos inteiramente no formato EAD como um retrocesso e uma falta de respeito à formação dos profissionais da saúde. Além disso, ela entende que, dessa forma, os pacientes poderão ser colocados em risco.
Autora do livro “ASB e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar” (Ed. Elsevier), coordenadora e docente nessa área há dezessete anos, Lusiane é responsável pela educação de cerca de sete mil profissionais. Ela conta que muitos alunos que concluíram os estudos via EAD acabam procurando pelos cursos tradicionais para conseguir se qualificar. “É impossível capacitar um profissional da área da saúde sem aulas práticas presenciais”, afirma.
O Crosp, por meio do seu secretário Marco Antonio Manfredini, reconhece que a modalidade EAD facilita o acesso das amplas camadas da população ao ensino superior, mas que esta variedade de ensino em sua totalidade não deve ser aplicada às profissões da saúde. “Caso estes profissionais não tenham esse tipo de contato desde a formação, a saúde da população pode ser colocada em risco”, explica. Ele observa que o Crosp tem atuado junto ao Fórum de Conselhos Profissionais de São Paulo na luta contra a precarização da formação profissional.
De acordo com a cirurgiã-dentista Samara Valêncio de Melo, secretária-geral da ABO Mato Grosso, os cursos EAD facilitam o acesso à profissionalização das pessoas que residem em cidades afastadas dos grandes centros. Porém, em seu ponto de vista, essa facilidade não pode comprometer a qualidade do ensino. “Estamos formando profissionais da saúde que possuem responsabilidades específicas, éticas e morais com a sociedade” destaca. “Por isso, suas formações devem compreender todos esses quesitos”, conclui.
Lusiane ressalta que os cursos de ASB com aulas semanais têm, em média, um ano de duração: “Eles devem ter registro no Conselho Federal de Odontologia e, no mínimo, trezentas horas-aula, sendo 240 horas presenciais (teóricas, práticas e laboratoriais) e 60 horas de estágio realizado em clínica odontológica”.
De acordo com a especialista, o curso de ASB deve conter uma carga específica de aulas práticas ministradas por professores capacitados. “No formato EAD, só seria possível se contivesse, no mínimo, 25% da sua carga horária total em aulas práticas presenciais”, detalha.
Ainda segundo Lusiane, o estágio prático em clínica odontológica só é válido como complementação da aprendizagem e formação do profissional ASB, quando o aluno já passou pelas fases prático-laboratoriais e avaliações presenciais com os professores. Porém, ela faz um alerta: “Não basta ser cirurgião-dentista para ministrar cursos de ASB e Técnico em Saúde Bucal. O processo de capacitação e formação para essa área demanda qualificação do corpo docente, bem como uma equipe multidisciplinar de professores com orientação pedagógica específica”.
Fonte: ABO
Rua Desembargador Freitas, 1571 - Centro - Teresina/PI - CEP.: 64000-240
Contato: (86) 3222-8817 / 3226-1166
Email: cropi@cropi.org.br
Conselho Regional de Odontologia do Piauí
Horário de Atendimento
Segunda à Sexta
08h00 às 17h30