Às vezes pensamos que só os adultos podem ter alguns tipos de doença, como as doenças do fígado, chamadas de doenças hepáticas: hepatites virais, cirrose hepática, entre outras. Mas, elas podem atingir crianças também. E aí, as crianças podem vir a ter algumas consequências na dentição. Para isso, um grupo de especialistas fala sobre o tema.
A cirurgiã-dentista, especialista em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia da UNICAMP e doutoranda em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo-FOUSP, Evelyn Alvarez Vidigal, diz que crianças com problemas hepáticos podem apresentar alterações dentárias tais como hipoplasia de esmalte, pigmentação devido ao acúmulo de bilirrubina (dentes esverdeados) e possível susceptibilidade ao desenvolvimento de lesões de cárie. Essas crianças quando indicadas para o transplante hepático precisam de uma avaliação clínica e tratamento odontológico prévio para eliminar e prevenir o surgimento de focos infecciosos que possam causar complicações sistêmicas.
Segundo Fábio de Abreu Alves, Professor Associado da Disciplina de Estomatologia Clínica da FOUSP e Diretor do Departamento de Estomatologia/Odontologia do AC Camargo Câncer Center, o acompanhamento após o transplante hepático deve ser realizado periodicamente para avaliar a manutenção da saúde bucal, pois podem desenvolver-se alterações na cavidade oral provenientes da medicação tais como aumento gengival, úlceras orais e/ou fissuras na língua ou mucosa, entre outras.
De acordo com o professor Titular da Disciplina de Odontopediatria da FOUSP, Marcelo Bönecker, a preocupação dos pais em relação à saúde bucal e estética devido à pigmentação dentária esverdeada é visível. Porém, não existem estudos que relatem se estas alterações poderiam causar um impacto na qualidade de vida relacionada à saúde bucal dessas crianças. Assim, ações para a promoção de saúde oral devem ser reforçadas tais como adoção de hábitos saudáveis referentes à dieta e higiene oral. “A orientação é para que os dentes sejam escovados duas vezes ao dia com creme dental com flúor com pelo menos 1000 ppm à partir da erupção do primeiro dente. A quantidade de creme dental fluoretado empregado durante a escovação deve ser pequena, e para crianças entre 0 e 6 anos de idade, a escovação deve ser sempre supervisionada por um adulto. De acordo com a Associação Brasileira de Odontopediatria, recomenda-se que a quantidade de creme dental com flúor para crianças de 0 a 6 anos de idade seja entre 0,1 a 0,3 gramas, o que corresponde desde o tamanho de um grão de arroz cru até um grão de ervilha. A quantidade pode ser ainda menor que um grão de arroz cru para crianças na fase de erupção dos dentes decíduos. Nesse caso, a quantidade de creme deve ser compatível com a quantidade de superfícies dentais presentes na cavidade bucal.
Jenny Abanto, especialista em Odontopediatria pela APCD, mestre, doutora e pós-doutora em Odontopediatria pela FOUSP alerta: as informações aos pais em relação às prováveis alterações bucais decorrentes das doenças hepáticas e medicação imunossupressora após transplante hepático devem ser oferecidas aos pais em cada avaliação clínica.
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