O Brasil foi o primeiro país no mundo a considerar a Odontogeriatria como uma especialidade odontológica, a partir de resolução do CFO em 2001, que foi motivada pelo processo de envelhecimento da nossa população. Quinze anos após a criação da especialidade, os pesquisadores Fernando Luiz Brunetti Montenegro, doutor pela FOUSP, e Ronald Ettinger e Leonardo Marchini, da Universidade de Iowa, nos EUA, publicaram em 2016 um estudo no Brazilian Dental Science que avaliou os resultados do reconhecimento.
Os pesquisadores concluíram que o número atual de especialistas em Odontogeriatria é insuficiente para dar conta do grande número de idosos no país. Desde a resolução, o número de brasileiros com 60 anos de idade ou mais aumentou continuamente chegando a 12,1% da população em 2015.
No ano que se seguiu ao reconhecimento da especialidade, 89 cirurgiões-dentistas foram aprovados pela apresentação de prova de prévios estudos de pós-graduação ou experiência em Odontogeriatria, segundo a pesquisa. Outros 187 CDs especializaram-se com sucesso em cursos de pós que cumpriam a exigência mínima de 855 horas/aula. O número de especialistas em Odontogeriatria era de 276 no fim de 2015, momento do fechamento da pesquisa, e hoje está em 275.
Um aspecto positivo do reconhecimento da especialidade foi o aumento expressivo na pesquisa em Odontogeriatria. Os pesquisadores identificaram, no período de 2001 a 2015, 75 teses e dissertações relacionadas a Odontogeriatria no banco de dados governamental, 115 artigos na Biblioteca Brasileira de Odontologia e 178 artigos no banco de dados do PubMed, que é composto por publicações internacionais.
Os autores ponderam, no entanto, que o incremento da pesquisa em Odontogeriatria coincide com um aumento geral da pesquisa no Brasil e é menos significativo quando comparado com outras especialidades da Odontologia reconhecidas na mesma época pelo CFO.
Os pesquisadores concluíram também que os serviços odontogeriátricos no Brasil não são melhores do que em outros países que não reconheceram a Odontogeriatria como especialidade e têm o nível odontológico semelhante ao brasileiro. Um dos problemas é que a maioria dos CDs brasileiros não trata pacientes idosos nas suas atividades do dia a dia.
Como resposta aos grandes desafios do envelhecimento populacional no Brasil, os autores recomendam a inclusão do estudo da Odontogeriatria no currículo dos cursos de graduação em Odontologia, de maneira que os CDs generalistas possam fornecer cuidados mais apropriados aos idosos.
Veja o link para o estudo: http://bds.ict.unesp.br/index.php/cob/article/view/1254
Fonte: Conselho Federal de Odontologia
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